sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Papo de percurso. Acho formidável o "papo de percurso", muitas vezes entram na conversa pessoas que você nunca viu o verá novamente. O que é mais interessante ainda é que estas pessoas se entusiasmam e a conversa flui de uma maneira tão interessante que nem parece que são desconhecidas. Hoje, por força de embarque, dei uma encoxada em um rapaz que jogava tranquilamente em seu celular. Ele olhou para trás como que para verificar o autor e eu me desculpei explicando o ocorrido. Comentei que se, pelo menos, fosse uma gata e não um velho barrigudo... ao que ele sorridente respondeu: - As duas opções são ótimas! E explicou rapidamente: - A gata me arrepiaria e a barriga me protege do que pode vir por baixo. Rimos à beça e ele continuou no jogo e nós no papo de percurso que, como na maioria das vezes, nem lembramos depois. Só o que marca fica!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Primeiro e impactante momento.

Este é o meu primeiro contato com um blog... tanto que nem sabia pronunciar e dizia BIlog... Chamei o meu Blog de Verdades? Por nem tudo ser verdade... muitas coisas eu me lembro e nem vão sair exatamente como ocorreram, daí... Vou começar, mesmo, contando um episódio que ocorreu há alguns anos que intitulei "Pressão Alta", lá vai: Pressão alta De tarde, deitado assistindo TV e começa uma dorzinha na fronte. Pressão alta. Esperei uns trinta minutos para ver se melhorava e... liguei para o Campos e perguntei se ele estava muito ocupado. Expliquei que se ele pudesse eu gostaria que me levasse até o hospital. Perguntou-me se era para buscar os remédios e eu disse achar que estava enfartando. Em dois minutos ele estava, branco, em meu portão. Pedi calma e disse que com o carro batido eu morreria antes de chegar ao hospital e que se tivesse que morrer queria morrer rindo e não agarrado ao painel do carro. Fomos rindo e falando besteiras até o hospital e ele me perguntava a cada trinta segundos: — Está tudo bem? Pedi que entrasse pela emergência e descendo do carro o Guarda Municipal me perguntou se não dava para colocar o carro no estacionamento. Expliquei que achava que estava infartando e ele mudou o tom e me conduziu até a entrada de uma sala e disse que voltaria e explicaria ao meu irmão como fazer uma ficha. Um médico me perguntou o que eu sentia e mostrei o lugar latejante explicando que comigo é absolutamente tudo diferente. Todo mundo tem dor na nuca com pressão alta e eu sinto pressão na fronte. Mediu e pediu um outro aparelho “que funcionasse” para a enfermeira que o acompanhava. Mediu novamente e me perguntou como eu tinha chegado até a sala: — Andando do carro do meu irmão até aqui. Respondi e ele retrucou: — Com 27 x 21 de pressão ninguém anda. Levantei para confirmar e fui convidado a sentar para esperar a maca. Ajudou-me a deitar e achei a maca mais estreita do que eu. Fui alojado na sala de emergência e uma enfermeira morena de olhos verdes me disse que faria um eletro. Sentei para tirar a camisa e ela abismou-se pela minha disposição comentando. Deitei e uma outra enfermeira preparou um soro. Expliquei que minha veia era fácil de “pegar” e ela confirmou rapidinho. Pela agulha que ficaria o soro aplicou duas outras substâncias e me deu um remedinho pra colocar debaixo da língua. A outra enfermeira, a de olhos verdes, preparou os eletrodos em meu peito e assim que iniciou a regulagem do aparelho os eletrodos pularam fazendo um barulhinho de borracha “pop” cada um e eu não consegui conter o riso. Fui bronqueado pelos olhos verdes e testa franzida que dizia não haver como fazer o exame comigo gargalhando. Tentou novamente e... novamente os “pop, pop, pop...”. Quase caí da maca de tanto rir. Os olhos verdes saem marchando bravos e vem o Dr. Fernando. O Dr. Fernando merece até um parágrafo à parte. Quase dois metros de altura. Ruivo com cabelão liso amarrado em rabo de cavalo dentro do avental. Olhos azuis e cara de anjo. — A enfermeira disse que não consegue fazer o exame porque o senhor não para de rir. — Desculpe Dr. Fernando ela inverteu tudo. Eu não paro de rir porque ela não consegue fazer o exame. Ele limpou o excesso de gel e conseguiu fazer o exame sem maiores problemas. Levou até o professor e examinaram. Retornou me dizendo que eu “ainda” não estava infartando, mas, se a pressão não baixasse... Avisou que verificaria minha pressão novamente. Não havia lugar para apoiar o meu pulso e ele, solícito, prendeu o meu punho entre seus joelhos colocando o aparelho e começando a insuflá-lo. — Dr. Fernando, por favor, com estes olhos azuis, ruivo, cabeludo, forte, cara de anjo... coloca a minha mão no meio das suas pernas e quer que minha pressão BAIXE? Aos risos, me mandou calar a boca e continuou sua tarefa. Entra, em seguida, uma maca com bombeiros trazendo um homem completamente inchado... Vazando água mesmo! Havia encontrado uma colméia no forro da casa e resolveu “matar” as abelhas com um rolo de jornal em fogo... Resultado pior não poderia, era alérgico e não sabia. Foram muitas picadas e colocaram-lhe um soro para que não sentisse mais dor. Em alguns minutos teve que forças as pálpebras com as mãos para ser capaz de abrir um olho e deu de cara comigo. — Já viu alguém tão inchado quanto eu? — Já, sim senhor. Chama-se Lindenburg, mas, pegou fogo e matou uma porrada de gente. No incêndio. Rimos juntos e ele silenciou tranqüilamente. Dr. Fernando aproximou-se, examinou, virou-se para mim com cara de assustado e lascou: — O senhor fez o homem rir e ele morreu! — Dr. Fernando, o senhor inverteu as coisas novamente. Ele não morreu de rir, ele morreu rindo. Não se preocupe, o senhor não precisa de culpados, nenhum médico pode salvar vidas, só pode fazer o melhor possível e vocês fizeram tudo o que podiam. Ele não sentia mais dor, tanto que até sorriu... Dr. Fernando emocionou-se junto comigo e chegamos às lágrimas. Depois de nove horas em emergência minha pressão baixou para 19x15 e me mandaram para casa. Não baixaria mais mesmo. Espero que gostem.